O aborto no Brasil é considerado crime, exceto em casos de estupro ou risco de vida à mulher. O fato de ser considerado crime não desestimula a mulher a se submeter a essa prática. Anualmente, estima-se a realização de mais de um milhão de abortos no País, realizados em condições inseguras e humilhantes para a mulher, com consequências de graves danos à saúde e até mesmo a morte. As mulheres que mais sofrem com esse problema são as mais pobres Read more... Algumas pessoas têm questionado minha posição quanto à descriminalização do aborto. Um dos argumentos mais citados é quanto ao mandamento “não matarás”. Mas, me parece que o engano está na compreensão da totalidade do significado do termo “matar”. O dicionário Houaiss, entre as várias definições que apresenta para este verbo, diz: “causar grande prejuízo ou dano a; arruinar.” E também: “causar sofrimento a; mortificar, afligir; ferir.” Vemos, com isso, que matar não é somente tirar a vida de alguém, mas também praticar qualquer ato que impeça que alguém tenha vida com qualidade, dignidade, felicidade. Permitir que uma criança indesejada venha ao mundo em uma família desestruturada, sem condições de lhe oferecer uma vida minimamente digna, expondo-a à violência, maus tratos, perda da autoestima e tantas outras mazelas, não significa dar um ser à luz, mas sim condená-lo à morte; uma morte social e psicológica, que vai gerar a pior de todas as mortes: A ESPIRITUAL. As crianças que andam pelas ruas, entregues à própria sorte, não nasceram; elas foram jogadas no mundo, como fruto da inconsequência e irresponsabilidade de adultos despreparados, muitos deles que apenas repetem a história de abandono e omissão da qual também foram vítimas. Estas crianças, primeiro são odiadas por seus genitores e depois passam a ser odiadas pela sociedade. A mesma sociedade que levanta a bandeira do direito à vida é capaz de virar o rosto em atitude de asco, e atravessar a rua para não passar perto de um menor indigente estirado no chão, cheirando a fezes e urina. O nome disso é hipocrisia. Os que gostam de apontar pecados, precisam ver que o erro não está em interromper uma gravidez indesejada, mas está antes: na banalização do sexo, na desinformação, nos inúmeros fatores que levam um casal a se relacionar e gerar um filho com o mesmo descompromisso com que encaram a própria vida. Não estamos fazendo apologia do aborto; estamos dizendo “não” à hipocrisia. As mulheres não deixam de abortar porque isso é um ato ilegal. A decisão de interromper uma gravidez tem como motivo principal o fato de ela não ser desejada, causada por fatores que vão desde uma noite de loucura até violência sexual. Se esta decisão for tomada, ela será levada a cabo, independentemente de sua legalidade, em clínicas clandestinas, que podem levar estas mulheres à morte, mutilação ou sequelas de procedimentos mal realizados. A legalidade do aborto permite que estas mulheres possam ser atendidas clinicamente da maneira que procede, e não coloquem sua vida em risco. Isso é direito à vida. A legalidade do aborto evita que crianças inocentes venham ao mundo para sofrer e ter uma vida miserável. A legalidade do aborto evita a clandestinidade dos procedimentos cirúrgicos. Uma mulher que deseja interromper uma gravidez, seja pelo motivo que for, não é uma criminosa, é um ser humano em aflição, que precisa ser acolhido, amado, orientado e não condenado. É este o papel que a IURD tem realizado como Igreja. A todas as pessoas que olham para estas mulheres com ódio e intolerância, achando que com isso estão agradando a Deus, fica esta Palavra: Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele. I João 3:15 Leia também: Lendo os comentários postados no blog, pode-se perceber a sinceridade nas palavras de alguns, seja à favor ou contra o aborto. Mas, será que todas as pessoas que estão comentando fariam, de fato, o que estão escrevendo, quer positiva ou negativamente? Sinceramente, tenho lá minhas dúvidas. Outro dia, escrevendo a mensagem ABORTO, coloquei-me no lugar da minha vizinha que havia abortado. Então eu pensei: “e se fosse eu, será que abortaria?”. Juro a vocês que titubeei. Foi aí que recorri à minha inteligência. Colocando-me no lugar dela e vendo a minha real situação do momento, optaria pelo aborto. Não que eu não me previna, ao contrário. Mas, quem não se lembra daquele anticoncepcional feito à base de farinha? Muitas mulheres engravidaram, mesmo se prevenindo. Lembro-me muito bem das reportagens. Várias daquelas mulheres não tinham condições de ter uma criança. Algumas já tinham, inclusive, mais de dois, três filhos. Neste caso, a culpa não era delas. Foi uma falha do medicamento. Aí eu me pergunto: Para Deus, é mais importante colocar uma criança no mundo, sem ter condições para isso, ou não tê-la, para poupar-lhe de qualquer sofrimento? Será que Deus julgaria a mãe que não deixou seu filho vir ao mundo com a intenção de não deixá-lo passar necessidades? Se estivesse no lugar daquela jovem ou, no lugar de muitas mulheres por aí, faria o mesmo também. Só Deus saberia da minha situação, do meu coração e das minhas reais intenções. Que não me levem à mal os que são contra o aborto, mas, experimente, nem que seja por um dia, colocar o seu filho debaixo de um viaduto, andando nu, no mais completo frio, comendo com você restos de comida (farelos) do chão. Ou ainda, experimente deixar sua filha de nove, dez anos, na beira de uma estrada, tendo que vender seu corpo infantil, por três ou cinco reais, para comprar um prato de comida ou, até mesmo, para sustentar seu vício. Tenho certeza que você deve estar revoltado, mas não sou hipócrita! Se tivesse de ver um filho nas condições descritas acima, abortaria sim, com todas as letras, pena que eu correria o risco de morrer também em cima de uma mesa de cirurgia clandestina. Seria Deus um carrasco que, a todo custo, quer que uma criança venha ao mundo, mesmo se for para sofrer, ser violentada, prostituída, abusada, e se tornar, lá na frente, a escória da sociedade? Não que com todas essas crianças aconteça isso, mas com a maioria, que nasce sem condições de vir ao mundo, você pode estar certo que sim. Não vamos coar um mosquito e deixar passar um camelo por nossas gargantas! Se você é contra a legalização do aborto, então, deveria ser o primeiro a adotar uma criança que está debaixo dos viadutos. Perto de você deve ter uma, com certeza. Se Deus quisesse que uma criança nascesse simplesmente porque quer que nasça, custe o que custar, então, Ele deveria, de alguma forma e, a todo custo, dar um jeito de sustentar essa vida. Se fosse de Sua vontade que cada vida viesse ao mundo, então, Deus deveria ser o primeiro a ser culpado por tanta tragédia envolvendo as pessoas. Mas, será que Deus é tão dúbio, que ‘ordena’ o nascimento de um ser, para depois deixá-lo morrer à mingua? Se formos pensar que Deus permite o aborto em caso de má formação do feto, risco para a mãe, e estupro, Ele também seria dúbio, visto que esses fetos também são vidas. Que diferença haveria entre esses e os outros fetos? Nenhuma. Feto é feto. Vou ser sincera com você, posso até estar ‘pecando’ em pensar no aborto de um feto. Afinal, é uma vida, correto? No entanto, que vida é esta, quando o melhor mesmo seria ter nascido morto? Entre pecar pela sinceridade ou pecar pela hipocrisia, fico com a primeira alternativa. Pelo menos, não me igualaria aos fariseus da época do Senhor Jesus, que deixavam um mosquito passar para engolir um camelo! Reflita. Você realmente acredita que um aborto é pior do que um filho em condição subhumana? Se o nome disso não for hipocrisia, então, chamo de egoísmo. Um grande abraço! Jaqueline Corrêa Para que a fé? Será que sua função é apenas para conquistar as promessas Divinas? Seu serviço maior é levar as pessoas à salvação eterna por meio do relacionamento vivo com Deus. Além disso, fazê-las terem firmeza em suas decisões que vão lhes proporcionar qualidade de vida. A título de exemplo, temos a ciência que tem oferecido várias opções para prevenir a concepção. Mas aí surge a pergunta do cristão religioso: “Onde está escrito na Bíblia a permissão de usar contraceptivos? Não seria isso um pecado? Podemos ou não fazer uso disso?” No início do meu casamento, a Ester fez uso da pílula anticoncepcional durante quase um ano. Mas sentiu-se muito mal e teve de interromper. Como não havia a vasectomia, parti para o sacrifício: comecei a usar camisinha. Por que fiz isto? Porque não reunia condições econômicas para ter filhos. Foi uma questão de fé. Não perguntei a ninguém se era ou não pecado. Simplesmente, usei minha convicção pessoal para decidir o que fazer. A fé inteligente nos faz decidir, com firmeza e segurança, o que é melhor. … tudo o que não provém de fé é pecado. (Romanos 14.23) Faça uso de sua fé e vai em frente. Deus abençoa os que creem! Antes da minha conversão, tinha em mente que tanto o bem quanto o mal vinham da mesma fonte: Deus. Se algo era bom, então, considerava uma bênção Divina, mas, se era mal, considerava uma punição de Deus. Nasci, cresci e fui educado nessa fé pagã. Quando conheci o Salvador, toda essa estupidez religiosa deu lugar a uma nova mente: a do Senhor Jesus (I Coríntios 2.16). Por conta disso, meus conceitos e valores mudaram radicalmente. Por exemplo: Não creio que as crianças nasçam da vontade de Deus. Creio sim, que as crianças são geradas por causa de uma lei fixa da natureza. Quer dizer, a da procriação. Deus criou todo o universo e estabeleceu leis fixas para gerenciá-lo. Criou o homem e a mulher e estabeleceu as leis da multiplicação. Criou os animais, fazendo o mesmo para que se multiplicassem. E criou os vegetais com o mesmo propósito. Não consigo enxergar o nascimento de uma criança como fruto da mão de Deus, assim como não vejo o mal como fruto Divino. Cada pessoa tem a liberdade para escolher o que pretende em sua vida. Até em gerar ou não outra pessoa. Deus nada tem a ver com isso, assim como não tem a ver com o mal. Essa questão não pode nem ser considerada de fé, mas de raciocínio. Como pode ser possível uma fonte jorrar o bem e o mal simultaneamente? Impossível. Ainda mais se esta fonte for o próprio Deus! Se Deus fosse o elemento multiplicador de crianças, eu jamais trataria do assunto aborto. Neste caso, seria radicalmente contra, em qualquer hipótese. Como não é o caso, apelo, portanto, à inteligência, bom senso e, sobretudo, humanidade das pessoas. A lei fixa que rege o universo reza que, tudo o que o SER HUMANO PLANTAR, isso colherá. Se o bem, bem; se o mal, mal. Vai depender exclusivamente dele. Agora, permita-se refletir nisto: por que se preocupar mais com os seres ainda em formação do que com os vivos que estão aí? Não faz sentido! Deus abençoe a todos abundantemente! Segundo uma recente divulgação de um relatório do Instituto Guttmacher, cerca de 70 mil mulheres morrem todos os anos vítimas de práticas clandestinas de aborto. Os países recordistas dessas mortes são os subdesenvolvidos da África e América Latina, principalmente, onde a prática é proibida. Lendo uma matéria sobre o assunto, no Portal R7, lembrei-me do dia em que uma vizinha resolveu confidenciar um segredo: disse-me que havia abortado. Na ocasião, me perguntara o que achava sobre a atitude que ela havia tomado. Ora, se aquela jovem estava me confidenciando algo tão sério, sabendo do risco que corria de ser mal vista por mim, era porque não conseguia mais aguentar aquele segredo só para si. Em sua cabeça, desabafando se sentiria melhor. No entando, apresentando uma postura totalmente imatura, disse que, na minha opinião, aquilo era totalmente abominável, e que jamais abortaria um filho meu. Com o passar dos anos, porém, vi o quanto aquela minha posição arrogante havia sido cruel e egoísta para com aquela moça. Quem era eu para julgá-la daquela forma? Só quem passa por uma situação dessa é que sabe o que deve fazer quanto ao seu corpo. No seu caso, ela devia saber o que estava fazendo. Muitas mulheres, sem a mínima condição de criar um filho, optam por abortá-los. Algumas, talvez a maioria, sem condições financeiras, recorrem para a prática do aborto clandestino. Destas, nem todas retornam da mesa de cirurgia, falecendo alí mesmo. E isso, em todas as classes sociais. Não digo que recorrer para a prática do aborto é a melhor forma de resolver um problema. Nem digo que essa é a solução ideal para a falta de planejamento familiar. Mas, se houvesse a legalização do aborto, muitas mulheres continuariam vivendo por deixarem de recorrer a clínicas clandestinas que, sem a mínima condição de higiene e atendimento humanizado, levam essas mulheres à graves infecções, resultando em suas mortes. Muitas vezes, precoces. A legalização desta prática não resolveria o problema, mas, de certo, diminuiria o número de mortes dessas jovens que apelam para o desespero. Você pode não estar concordando com o que diz essa mensagem, porém, deve concordar comigo numa coisa: Quem somos nós para julgar alguém? Um grande abraço. Jaqueline Corrêa.
Aborto